Ameaça nuclear



Coreia do Norte desafia o mundo com armas atômicas


Soldados norte-coreanos em prontidão, num posto de fronteira
Os recentes testes com lançamentos de mísseis nucleares pela Coreia do Norte fazem parte de uma perigosa estratégia que, no cenário pós-Guerra fria, transformou o uso de arsenais nucleares em instrumentos de chantagem internacional.

Um dos objetivos do governo de Pyongyang, capital norte-coreana, é forçar a abertura de um canal de negociação com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para por fim às sanções econômicas que pesam sobre o regime comunista por conta de seu programa nuclear.

A tensão entre os dois países se arrasta desde 2002, quando o ex-presidente George W. Bush incluiu o país asiático no que ele chamou de "eixo do mal", junto com Irã e Iraque.

Outro motivo da provocação seria a política interna. Além de ser um dos países mais pobres da Ásia, a Coreia do Norte sofre com o isolamento político, em razão de sustentar uma ditadura nos moldes soviéticos, centralizadora e militarizada. A ameaça nuclear fortaleceria o governo do chefe do Estado, Kim Jong-il, cuja família controla o poder há meio século.

Desde o último dia 25 de maio, foram realizados um teste nuclear subterrâneo e lançados seis mísseis balísticos e de curto alcance. O resultado foi uma crise diplomática internacional e o risco de novos conflitos armados com a vizinha Coreia do Sul.

A nação socialista violou a resolução 1.718 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), órgão responsável pela segurança mundial. O documento, aprovado em 14 de outubro de 2006, condenava o programa nuclear norte-coreano por contrariar o tratado de não proliferação de armas nucleares. Desde então, a ONU vem pressionado o país para que suspenda os testes.

Essa não foi a primeira vez que os norte-coreanos desafiaram o mundo. No dia 5 de abril, a Coreia do Norte disparou um míssil de longo alcance, alegando que se tratava do lançamento de um satélite de comunicação. No entanto, o mesmo artefato poderia ser usado para carregar uma ogiva nuclear, o que provocou o endurecimento das sanções ao país.

Guerra-fria
Tanto o perigo nuclear quanto a Coreia do Norte são produtos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com a derrota do Eixo, o Japão desocupou a Coreia, que foi dividia em dois países, um sob o controle dos Estados Unidos (Coreia do Sul) e outro ocupado pela antiga União Soviética (Coreia do Norte).

O processo foi semelhante ao que dividiu a Alemanha por 41 anos até a queda do Muro de Berlim.

As duas Coreias travaram uma guerra entre 1950 e 1953, no auge da Guerra Fria, que terminou com um frágil cessar fogo que dura até os dias atuais. Desde o período, marcado pelo perigo iminente de um conflito nuclear, Pyongyang alimenta a ambição de desenvolver armas atômicas.

Com o fim da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu, o país sofreu abalos econômicos, do mesmo modo que Cuba. Sem os antigos parceiros comerciais, mergulhou num período de escassez de alimentos que, aliado aos desastres naturais, teria causado a morte de cerca de dois milhões de norte-coreanos nos anos de 1990. A Coreia do Norte possui estimados 23,5 milhões de habitantes.

Tensão na fronteira
Desde o final dos anos de 1960, nações assinam acordos para controlarem arsenais nucleares do planeta.

Atualmente, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Israel, Índia e Paquistão são considerados potências nucleares. Completam a lista Coreia do Norte e Irã, que sofrem pressões e embargos para que abandonem seus programas.

Diferente da época da corrida armamentista, as bombas nucleares atuais são mais "inteligentes". Elas visam alvos estratégicos, com precisão e impacto localizado. Os testes de armamentos também são mais restritos, para evitar danos ambientais.

Os riscos, mais do que uma guerra nuclear, são de acidentes em usinas sucateadas e, principalmente, que países como Irã e Coreia do Norte repassem a tecnologia para grupos extremistas e redes terroristas, como a Al-Qaeda.

Para os vizinhos e inimigos do líder Kim Jong-il, Coreia do Sul e Japão, as intimidações são reais, pois o país tem capacidade de lançar mísseis de submarinos ou aviões. As ameaças também podem levar os governos japoneses e sul-coreanos a desenvolverem armamento nuclear, contrariando as leis internacionais que impedem a produção de mais bombas atômicas.

Até agora, tudo indica que a Coreia do Norte não seja capaz de miniaturizar uma ogiva nuclear, permitindo que seja disparada por um míssil de longo alcance que possa atingir, por exemplo, os Estados Unidos.

Saída diplomática
O Conselho de Segurança da ONU estuda novas sanções à Coreia do Norte como retaliação aos últimos lançamentos de foguetes em seu território. Porém, medidas similares não surtiram efeitos anteriormente.

Apesar de o país ter sérios problemas sociais, de abastecimento de energia e econômicos, agravados com os embargos da ONU, nada disso impediu que o governo norte-coreano levasse adiante seu programa nuclear.

Kim Jong-il alega que os testes teriam fins de defesa militar. Porém, a Coreia do Norte possui o quarto maior exército do mundo, com estimados 1, 2 milhão de soldados, munido de poderoso arsenal bélico.

Há ainda um delicado equilíbrio financeiro na Ásia, em meio a uma crise econômica mundial, que precisa ser preservado. A China, que faz fronteira e é aliada comercial e política da Coreia do Norte, é uma importante peça no tabuleiro da geopolítica internacional.

Por todos estes motivos, tanto Kim Jong-il quanto Obama tendem mais para uma conciliação e uma saída pacífica para o impasse, com o intermédio da ONU. A solução diplomática parece ser, portanto, a mais viável para a desnuclearização da Coreia do Norte e, futuramente, do Irã.

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G1 já adotou as novas regras, que valem desde 1º de janeiro.
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Do G1, em São Paulo

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No dia 12 de janeiro, a Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou novas definições sobre o uso do hífen. Veja o arquivo aqui (ele está em pdf) ou acesse as mudanças diretamente aqui.





Trema – desaparece em todas as palavras
Antes Depois
Freqüente, lingüiça, agüentar Frequente, linguiça, aguentar

* Fica o acento em nomes como Müller



Acentuação 1 – some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte)
Antes Depois
Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte)



Acentuação 2 – some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas
Antes Depois
Baiúca, bocaiúva, feiúra Baiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí



Acentuação 3 – some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos)
Antes Depois
Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos



Acentuação 4 – some o acento diferencial
Antes Depois
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa Para, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo



Acentuação 5 – some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar
Antes Depois
Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você Averigue, apazigue, ele argui, enxague você

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas



Hífen – veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:
Prefixos Usa hífen Não usa hífen
Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra... Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom
Hiper, inter, super

Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional
Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico
Sub Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor
Vice

Sempre:

vice-rei, vice-presidente

Pan, circum Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão

Fonte: professor Sérgio Nogueira





As novas regras ortográficas estão valendo desde o dia 1º de janeiro de 2009. De acordo com o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até 2012 valem as duas formas de escrever: a antiga e a nova. No Ano Novo começa o chamado “período de transição”. Portugal, que também aprovou o acordo ortográfico, adotará as novas regras até 2014.



O guia acima traz as mudanças que já estão definidas. Ainda há exceções - por exemplo, no uso do hífen - que deverão ser discutidas entre as Academias de Letras dos países que falam a língua portuguesa. Espera-se que a Academia Brasileira de Letras organize um vocabulário até fevereiro de 2009.

Vale lembrar que o que muda é a grafia. Ou seja, nada de pronunciar “lin-gui-ça”. A fala continua a mesma, mesmo sem os dois pontinhos em cima do “u”.

Enem terá 180 questões, 20 a menos do que a proposta inicial do MEC

Informação consta de portaria sobre a prova no Diário Oficial.
Inscrições para a prova começam no dia 15 de junho.


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O novo formato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá 180 questões de múltipla escolha, e não 200, conforme a proposta inicial do Ministério da Educação. Portaria da prova publicada nesta quinta-feira (28) no Diário Oficial da União informa que cada uma das quatro provas do Enem terá 45 questões, somando ao todo 180 testes.

Confira aqui a portaria do Enem 2009 no Diário Oficial

As provas se dividem em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação; Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. A redação será do tipo dissertativo-argumentativo a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política.

A prova será realizada nos dias 3 e 4 de outubro de 2009, com início às 13h (horário de Brasília). No sábado (3/10), serão realizadas as provas sobre Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias, das 13h às 17h30. No domingo (4/10), será a vez das provas Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação, além de e Matemática e suas Tecnologias.

As inscrições de alunos concluintes do ensino médio vão de 15 de junho a 17 de julho, pela internet. Já os egressos do ensino médio e jovens e adultos que não concluíram esse nível de ensino na idade própria podem se inscrever até o dia 19 de julho, também via web.

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Simulado gratuito do novo Enem será realizado em 10 estados

Sistema Anglo de Ensino preparou prova com 100 questões.
Previsão é que simulado reúna cerca de 50 mil estudantes.



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Estudantes de 140 cidades de dez estados brasileiros poderão treinar para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com um simulado elaborado pelo Sistema Anglo de Ensino. A participação é gratuita e aberta a estudantes do ensino médio e cursos pré-vestibulares.

A prova será realizada no dia 7 de junho. O simulado será compacto, composto de 100 questões em vez de 200, como propõe o Ministério da Educação (MEC). A prova também ocorrerá em apenas um dia, e não dois.

O Anglo estima que o simulado, destinado a alunos das rede pública e privada, reúna cerca de 50 mil estudantes. Além dos estudantes do 3º ano do ensino médio e de cursos pré-vestibular, podem fazer a prova alunos do 1º e 2º ano do ensino médio.

As inscrições podem ser feitas em site até 5 de junho. É necessário preencher o formulário de cadastramento, no qual o candidato pode selecionar a cidade e a escola onde pretende realizar o simulado. Ao término da inscrição, será gerado um protocolo com o horário do exame e que deve ser impresso e apresentado no dia da prova.

Embargo a Cuba

Cúpula das Américas e o fim do boicote à ilha

O embargo comercial à Cuba de Fidel Castro e Raúl Castro já dura quase meio século. Símbolo da Guerra Fria, o bloqueio perdeu a razão de existir com o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), mas sua suspensão não será tão simples assim. Contudo, os primeiros passos foram dados com a recente eleição de Barack Obama.

Durante a campanha, Obama prometeu uma política de reaproximação e, no último dia 13 de abril, anunciou o fim das restrições de viagens e a remessa de dinheiro (antes, as viagens eram limitadas a apenas uma ao ano e os depósitos, a US$ 1,2 mil anual por pessoa [R$ 2,6 mil]). As medidas beneficiam 1,5 milhão de exilados que possuem familiares na ilha.


Cúpula das Américas e Revolução cubana
O assunto, entretanto, foi uma das principais causas de divergência na 5ª Cúpula das Américas, encerrada no último dia 19 de abril em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago. O encontro reuniu 34 países americanos, com exceção de Cuba.

As nações participantes da reunião reivindicavam, além do fim do boicote, a reinclusão de Cuba na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Quais são as dificuldades para vencer esse desafio? Que fatos motivaram o fim das relações entre Washington e Havana, que permanece por quase 50 anos, e faz vigorar um verdadeiro entulho do século 20?

Antes de Fidel Castro, Che Guevara e o Exército Rebelde entrarem vitoriosos na capital cubana, o país era uma espécie de "Las Vegas caribenha". Máfias americanas exploravam cassinos, bordéis e o turismo local. O país era governado há 25 anos pelo ditador Fulgencio Batista, aliado dos Estados Unidos.

A Revolução Cubana fez da ilha a mais antiga experiência de regime socialista no mundo, a despeito da queda da URSS e da abertura da China. O que pouca gente sabe é que, após assumir o poder em 1º de janeiro de 1959, Fidel defendeu a democratização, incluindo eleições gerais em Cuba.

Meses depois, com a nacionalização de refinarias de petróleo americanas e o alinhamento ao bloco soviético, Cuba declarou-se comunista. A partir de então, o país começou a sofrer retaliações econômicas dos Estados Unidos, até o decreto do embargo total anunciado em 7 de fevereiro de 1962, logo após o rompimento das relações diplomáticas entre as duas nações.

Na prática, o embargo suspendeu todas as importações e exportações entre os países, provocando dois efeitos sobre Havana: um econômico, comprometendo o crescimento da ilha, que importa 80% de tudo que consome; e outro ideológico, pois garantiu ao comandante Fidel um inimigo que pudesse culpar pelas mazelas do país.


Celulares
Mesmo com todas essas dificuldades, Cuba, com 11,4 milhões de habitantes, ocupa a 51ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas), que mede o grau de desenvolvimento dos países. Em comparação, o Brasil está em 72º lugar.

Os cubanos também são conhecidos pela qualidade de primeiro mundo nas áreas de saúde e educação (a taxa de analfabetismo é quase zero). Por outro lado, sofrem perseguição política, faltam direitos civis e liberdade de imprensa (até a internet é censurada).

Com o colapso na antiga União Soviética, que subsidiava o regime castrista, o país entrou em recessão no começo dos anos de 1990, adotando medidas de racionamento e reformas econômicas. Doente, Fidel se afastou do poder em 2006, até que em fevereiro de 2008, após 49 anos no cargo, entregou a presidência ao irmão, Raúl Castro.

Uma das ações do novo presidente foi permitir aos cubanos a compra de computadores e celulares, apesar dos preços serem proibitivos para a maior parte da população.


Direitos humanos
A retomada da diplomacia entre Estados Unidos e Cuba encontra resistência de ambos os lados, fruto de ressentimentos de décadas.

As hostilidades entre as nações foram além do embargo, a ponto de, durante os anos de 1960, a CIA promover várias tentativas de assassinar o líder cubano.

A situação piorou na administração de George W. Bush, mas atualmente Obama tem interesses políticos em estreitar as relações com a América Latina. Também existem empresas multinacionais que querem o término do embargo para estabelecer contatos comerciais com Cuba.

Para que isso ocorra, é preciso aprovação do Congresso americano, uma vez que o embargo foi transformado em lei nos anos de 1990.

Além disso, a Casa Branca quer, como contrapartida nas negociações, que Cuba apresente avanços concretos na questão dos direitos humanos, abertura à imprensa e democracia.

A violação dos direitos humanos é um dos maiores estigmas do governo de Fidel. Estimam-se entre 15 mil e 18 mil as execuções ocorridas desde a revolução. O número de presos políticos, até 2008, era de 205 (29 a menos que no ano anterior), segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.

A respeito disso, é preciso lembrar que a história recente dos Estados Unidos é repleta de atos de violação à privacidade dos cidadãos, prisões ilegais e tortura de suspeitos de terrorismo, inclusive na base militar de Guantánamo, localizada em território cubano.


Miami
Outro elemento importante no debate é comunidade de exilados cubanos em Miami, uma espécie de "segunda Cuba". Eles formam uma importante parcela do eleitorado da Flórida (decisiva para a eleição de Bush em 2000), radicalmente anticastrista, que o governo norte-americano evita contrariar.

Uma consulta popular divulgada recentemente pelo jornal Miami Herald revelou que 64% dos cubanos que vivem na Flórida apoiam as iniciativas do presidente dos Estados Unidos para melhorar as relações com Cuba, enquanto 27% são contrários. Isso revela uma mudança da posição da comunidade, mais favorável ao diálogo.

Já em Cuba, a preocupação é com possíveis mudanças culturais, provocadas em parte pelo fluxo de conterrâneos de Miami, que vivem uma realidade de consumo distante da população da ilha. E, mais do que isso, temem-se profundas transformações políticas.

A era pós-Fidel e a era Obama, no entanto, são promissoras no sentido de mudar os rumos da história de Cuba.


Saiba mais
"Che" (2009): a primeira parte do filme que conta a vida do líder revolucionário Che Guevara mostra os momentos que antecederam a Revolução Cubana.

Gripe suína já atinge mais da metade dos Estados americanos
Número de casos no país subiu de 160 para 226; autoridades creem que doença vai se agravar.


Autoridades do setor de saúde dos Estados Unidos anunciaram que o número de casos da gripe suína no país subiu de 160 para 226, e agora atinge 30 Estados - mais da metade do país.



Segundo elas, o salto na cifra se deve ao fato de novos exames de laboratório terem ficado prontos nas últimas horas, e não porque houve um novo surto.



As autoridades afirmaram que a maioria das ocorrências da doença é amena, e que o nível de alastramento se compara ao de uma gripe sazonal comum.



Entretanto, especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos acreditam que o vírus H1N1, causador da gripe suína, está razoavelmente espalhado e que se espera novos casos da doença.



Mais grave
"Virtualmente, todos os Estados Unidos provavelmente têm o vírus circulando neste momento", disse Anne Schuchat, médica do Centro.



"Isso não significa que todo mundo está infectado, mas sim que o vírus já chegou dentro das comunidades."



Segundo a médica, os casos da doença atualmente são leves, mas devem se tornar mais graves e levar a mais mortes.



Mesmo assim, para Schuchat, a situação não seria incomum em um país onde, a cada ano, 36 mil pessoas morrem depois de contraírem a gripe comum.



Até o momento, a gripe suína fez uma vítima fatal nos Estados Unidos.



Nesta segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que os governos mundiais não devem baixar a guarda diante do surto da doença.








Leia mais notícias sobre a nova gripe

Gripe suína



Mundo enfrenta risco de uma nova pandemia


O presidente do México, Felipe Calderón, em sessão Extraordinária do Conselho Nacional de Saúde

A gripe suína, que já matou sete pessoas no México (de um total de 152 mortes suspeitas), uma nos Estados Unidos e pode ter infectado quase 2 mil em mais 11 países, deixou em alerta as autoridades para os riscos de uma nova pandemia. No Brasil, 20 pessoas com sintomas e que estiveram nos países com casos confirmados da doença estão sendo monitoradas.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), que monitora em todo mundo o vírus influenza, causador da gripe, deve elevar o alerta que hoje é nível 4 (numa escala que vai até 6), o que significa que a pandemia é iminente.


Pandemia
Pandemia ocorre quando há uma contaminação global por uma doença. No caso de uma gripe, acontece quando surge um novo tipo de vírus, frente ao qual o homem não possui defesas imunológicas e nem existem vacinas específicas para combater a doença. Por esse motivo, pode causar milhares de mortes.

As pandemias de gripe são provocadas por uma mutação aleatória de vírus existentes nos organismos de animais selvagens ou domesticados, que passam também a infectar seres humanos. No organismo humano, o vírus sofre nova mutação, o que o torna letal.

No caso de uma gripe comum, a receita mais famosa é "vitamina C e cama", ou seja, é preciso repousar e fortalecer as defesas do organismo para que ele dê conta do "invasor" (com exceção dos idosos, recém-nascidos e portadores de doenças que enfraquecem o sistema imunológico).

Já com a gripe suína, cujo vírus é uma combinação de genes de porcos, aves e humanos, o corpo não tem defesas, pelo fato de desconhecer o "inimigo".

Como esse tipo de gripe se transmite de pessoa para pessoa, do mesmo modo de uma gripe comum (pelo contato com secreções de pacientes infectados), e o tempo de incubação é curto, a doença se espalha rapidamente.


Gripe espanhola
Embora ocorram com certa regularidade na história, os cientistas só passaram a conhecer melhor as pandemias de gripe a partir das três registradas no século 20, em 1918, 1957 e 1968.

Essas gripes, apesar dos sintomas parecidos, não devem ser confundidas com aquelas que pegamos no inverno, conhecidas como sazonais. O vírus influenza é classificado em três tipos: A, B e C. A gripe comum é de tipo C, e as de tipo A são as mais perigosas, que provocam pandemias.

Existem quatro subtipos de influenza A conhecidos que provocam contágio entre humanos e estão em constante mutação: H1NI, H1N2, H3N2 e H7N2.

Não faz parte desse grupo, por exemplo, a chamada gripe aviária (H5N1), que contamina aves domésticas (frangos, patos, galinhas), cujo contágio se dá apenas com o contato com secreções do animal infectado e não entre pessoas, como a suína. Mesmo assim, desde 2003 matou 257 de 421 pessoas infectadas (61%), segundo a OMS.

A gripe suína atual é uma nova cepa (grupo de organismos dentro de uma espécie) do tipo H1N1. Esse vírus, bem como todos os demais subtipos A, são descendentes da pior de todas as pandemias registradas: a "gripe espanhola", que entre 1918 e 1919 matou 50 milhões de pessoas no mundo e contaminou um terço da população mundial (500 milhões), que era um quarto da atual.

Na época não havia nem antigripais nem antibióticos, o que contribuiu para o grande número de mortos. Em comparação, a pandemia de 1957-1958 deixou entre 1 e 2 milhões de mortos e a última, entre 1968-1969, considerada leve, 700 mil.

Ainda hoje, os cientistas sabem pouco sobre a "mãe" das pandemias. Somente em 1930 foi isolado o primeiro vírus da "gripe espanhola", justamente a suína (H1N1). A "gripe asiática" de 1957 é do tipo H1N2, descendente da suína.


Economia
O que vai determinar se a nova cepa de gripe suína vai se tornar a próxima pandemia, segundo especialistas, é: a) o quão adaptado (e mortal) o vírus pode se tornar no organismo humano e b) se continuar acontecendo a transmissão de pessoa para pessoa.

As pandemias passam por ondas que podem durar de seis a oito semanas. Na "gripe espanhola", por exemplo, a primeira onda foi mais branda e a segunda, mais letal. Pelo comportamento da epidemia atual, cujos casos fatais se restringem ao México e um bebê morto nos Estados Unidos, espera-se que a nova pandemia, caso se confirme, será considerada leve, isto é, com baixa mortalidade.

Além do risco de mortes, a doença também traz prejuízos à economia, o que pode vir a agravar ainda mais a crise econômica global.

No México, onde as primeiras mortes foram confirmadas em 24 de abril, escolas e comércio foram fechados e todos os eventos públicos cancelados, na tentativa de conter o avanço da doença.

Outros países emitiram alertas contra viagens com destino a países afetados pela gripe, como no caso do Brasil, ou adotaram medidas restritivas, como nos casos da Argentina e Cuba, afetando o turismo internacional.

A indústria de produtos suínos também contabiliza perdas, apesar do Ministério da Saúde ter descartado qualquer possibilidade de contaminação pelo consumo de carne (cujo cozimento mata qualquer tipo de vírus) ou de produtos que contenham carne suína. Em outras palavras, não se pega a doença comendo feijoada, torresmo ou cachorro-quente.


O que fazer
Os antivirais Tamiflu e Relenza são eficazes quando administrados em até 48 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas e previnem no caso de pessoas mais expostas ao risco de contágio. Mas o uso indiscriminado pode causar efeito contrário, fortalecendo o vírus.

Não se sabe ao certo se vacinas existentes terão algum efeito, em razão das mutações do vírus, nem sobre possíveis efeitos colaterais. Uma vacina específica contra a gripe suína levará meses para ser feita, conforme informou o governo norte-americano.

Como prevenção, autoridades sanitárias recomendam lavar as mãos - para evitar contato indireto com a doença -, além do uso de máscaras em regiões mais afetadas pela gripe.

O Brasil possui um Plano de Contingência (Plano de Preparação Brasileiro para o Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza) que prevê estoque de antivirais, produção de vacina, controle de fronteiras e reforço de redes assistenciais. Entretanto, diante das condições precárias de boa parte dos serviços públicos de saúde, é duvidoso que tenha capacidade de atender uma demanda urgente.