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Queimadas são piores do que se pensava para o aquecimento global


Fumaça atrapalha a formação de chuvas.
Carvão e fuligem fazem terra absorver mais calor.

Em um ciclo vicioso, as queimadas podem estimular o aquecimento global e, com o aumento da temperatura, o próprio fogo aumenta. Esse é um dos alertas feitos por um grupo de 22 cientistas – entre eles o brasileiro Paulo Artaxo, da USP – que revisou as pesquisas sobre o fogo em florestas e savanas.



Segundo o artigo publicado por eles nesta sexta-feira (24) na revista Science, o fogo corresponde a 50% da emissão de gases de efeito estufa provindos da queima de combustíveis fósseis, como a gasolina ou o óleo diesel.

Além dos gases nocivos, a fuligem e o carvão deixados pelas queimadas podem ajudar a aquecer o planeta. Isso ocorre porque essas substâncias, por serem escuras, absorvem muita luz solar. É como se a superfície do planeta trocasse uma camiseta verde ou amarela por uma preta, e saísse no sol.



Um outro efeito nocivo das queimadas é a diminuição das chuvas. De acordo com o estudo, a fumaça e o carvão aumentam a temperatura local e inibem a movimentação natural de massas de ar quente e frias, atrapalhando o ciclo da água.



Se não houvesse queimadas, a estimativa é de que as florestas poderiam dobrar o tamanho que ocupam na terra, pois as árvores invadiriam áreas de savana.



No Brasil, a região mais afetada pelo fogo é o chamado arco do desmatamento, onde a indústria madeireira, a agricultura e a pecuária avançam sobre a floresta amazônica.


Se você vive ou viajou para a Amazônia e tem denúncias ou ideias para melhorar a proteção da floresta, entre em contato com o Globo Amazônia pelo e-mail globoamazonia@globo.com . Não se esqueça de colocar seu nome, e-mail, telefone e, se possível fotos ou vídeos.

Entenda o que é genoma e como ele guarda 'receita' para construir um ser vivo


Material genético dos organismos feitos de células é composto de DNA.
Molécula tem formato peculiar que é útil para armazenar informações.



Foto: Reprodução Ilustração mostra estrutura do DNA (Foto: Reprodução)O genoma é o conjunto de todo o material genético localizado no núcleo das células de um ser vivo. Ele é distribuído em cromossomos, que por sua vez são compostos pela famosa molécula DNA.

DNA é a sigla para ácido desoxirribonucleico, uma substância com um formato peculiar. Ela é composta por duas fitas compostas por sequências de bases nitrogenadas. Essas bases nitrogenadas são as famosas "letras químicas" do DNA, A, T, C e G.

Essas letras, indicativas das bases adenina, timina, citosina e guanina, têm uma curiosidade: formam pares que se encaixam entre si, e somente entre si: A se encaixa com T, C se encaixa com G. Com isso, as duas fitas do DNA ficam unidas, e geram o famoso formato de escada torcida (ou, como costumam dizer de forma mais chique, dupla hélice).

Essa configuração do DNA é útil para carregar o material genético, porque gera facilmente uma duplicação -- ao separar as duas fitas, cada uma delas serve de molde para a reconstrução da molécula completa (uma vez que A só se encaixa com T, e C com G). Assim, torna-se possível duplicar o material genético -- evento imprescindível à multiplicação das células de um organismo e mesmo da reprodução dos indivíduos.

As sequências de letras químicas do DNA são "lidas" por certas estruturas no interior das células, que usam essa informação para "construir" as proteínas, entidades que conduzem praticamente todo o metabolismo do organismo. Cada trio de letras químicas codifica um aminoácido, e os aminoácidos, por sua vez, são os tijolos químicos usados para montar as proteínas.

Resumindo: o genoma é um imenso emaranhado de DNA, que tem em seus bilhões de letras algumas sequências que codificam receitas para proteínas -- os chamados genes.

No geral, é assim que funciona. Mas o estudo dos genomas tem mostrado uma série de sutilezas. Tem genes que são quebrados em vários pedaços no genoma, tem pedaços do genoma que parecem não ter função alguma, outros que parecem ter função mas não são genes, e assim por diante.

Ainda estamos longe, portanto, de entender completamente como o genoma é "interpretado" pelas estruturas celulares para que aquela informação sirva de base para a criação de indivíduos inteiros, das mais diferentes espécies.

Tira-dúvidas sobre o Enem
Serão 200 questões de múltipla escolha e uma redação. As provas serão aplicadas em dois dias. Entre as áreas abordadas estão linguagens (50 testes e redação), ciências humanas (50 testes), ciências da natureza (50 testes) e matemática (50 testes).


2- Qual será o conteúdo cobrado na prova?
O Ministério da Educação (MEC) informou que cobrará o conteúdo das disciplinas do ensino médio, mas ainda não detalhou o programa. As diretrizes da prova serão elaboradas por um comitê composto pelas universidades federais, Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e Conselho Nacional de Secretários de Educação.


3- Quando o novo exame será aplicado? Quando saem os resultados?
O calendário previsto para a realização da prova é 3 e 4 de outubro deste ano. O desempenho dos candidatos na parte objetiva (testes) será divulgado em 4 de dezembro e, o resultado final, incluindo a redação, sai em 8 de janeiro de 2010.


4- Como será a inscrição para o novo Enem?

O processo de inscrição será exclusivamente pela internet. Segundo o MEC, a taxa de inscrição para alunos da rede particular é de R$ 35. Estudantes da rede pública ou bolsistas em escola particular estarão isentos da taxa.


5- A Fuvest e a Unicamp seguirão adotando o Enem como bônus?

A nota do Enem continuará sendo usada na nota da primeira fase da Fuvest e poderá representar até 20% do total da nota da primeira fase. Já a Unicamp estuda não considerar a nota do Enem em seu vestibular deste ano.


6- Conforme proposta do MEC, quais universidades federais adotarão o novo Enem como vestibular?
A proposta foi apresentada pelo ministro Fernando Haddad aos reitores das federais no início de abril em Brasília. Os conselhos universitários de cada federal devem avaliar até o fim deste mês se adotam ou não a proposta e, no caso da adoção, quando e como seria aplicada. Cada universidade tem autonomia para decidir. Em reportagem do G1, algumas universidades já se posicionaram sobre a questão.


7- Como seria aplicado o novo Enem pelas universidades federais?
Os reitores das universidades federais e o ministro da Educação definiram quatro formas de adesão das instituições ao novo Enem. Há quatro possibilidades: o Enem como fase única; como primeira fase; como fase única para as vagas ociosas, após o vestibular; ou combinado ao atual vestibular da instituição. Neste último caso, a universidade definirá o percentual da nota do Enem a ser utilizado para a construção de uma média junto com a nota da prova do vestibular.


8- O Sistema de Seleção Unificada, proposto pelo MEC, admite a escolha de quantas opções?
O vestibulando pode escolher cinco cursos em até cinco instituições de ensino no Sistema de Seleção Unificada, na internet.


9- Após o Enem, o vestibulando pode mudar as opções? Como?
Após receber o resultado da prova, o vestibulando poderá listar até cinco cursos nas universidades de sua preferência (escolha também limitada a cinco). Atualizada diariamente, a nota de corte dos cursos será determinada pela concorrência entre os alunos. Ou seja, se mais alunos com notas altas concorrerem a um determinado curso, a nota de corte será mais alta.



No Sistema de Seleção Unificada, disponível na internet, o vestibulando poderá visualizar a nota do último candidato selecionado e comparar com a sua. Desse modo, poderá mudar suas opções quantas vezes quiser até o encerramento do prazo de inscrição.


Se o aluno perceber que o curso escolhido como a primeira opção está com a nota de corte superior à sua avaliação no Enem, pode escolher as demais opções da sua lista inicial ou modificar a primeira lista escolhendo novos cursos e novas instituições.


10- Como se dará a seleção dos candidatos? E se houver empate?
Os vestibulandos serão selecionados em apenas uma das opções de curso conforme a nota do novo Enem, a ordem das opções escolhidas na inscrição e o limite de vagas disponíveis. No caso de notas idênticas, o desempate seguirá a seguinte ordem de critérios: maior nota na prova de linguagens, maior nota na prova de matemática e maior idade do candidato.

Tira-dúvidas sobre o Enem
Serão 200 questões de múltipla escolha e uma redação. As provas serão aplicadas em dois dias. Entre as áreas abordadas estão linguagens (50 testes e redação), ciências humanas (50 testes), ciências da natureza (50 testes) e matemática (50 testes).


2- Qual será o conteúdo cobrado na prova?
O Ministério da Educação (MEC) informou que cobrará o conteúdo das disciplinas do ensino médio, mas ainda não detalhou o programa. As diretrizes da prova serão elaboradas por um comitê composto pelas universidades federais, Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e Conselho Nacional de Secretários de Educação.


3- Quando o novo exame será aplicado? Quando saem os resultados?
O calendário previsto para a realização da prova é 3 e 4 de outubro deste ano. O desempenho dos candidatos na parte objetiva (testes) será divulgado em 4 de dezembro e, o resultado final, incluindo a redação, sai em 8 de janeiro de 2010.


4- Como será a inscrição para o novo Enem?

O processo de inscrição será exclusivamente pela internet. Segundo o MEC, a taxa de inscrição para alunos da rede particular é de R$ 35. Estudantes da rede pública ou bolsistas em escola particular estarão isentos da taxa.


5- A Fuvest e a Unicamp seguirão adotando o Enem como bônus?

A nota do Enem continuará sendo usada na nota da primeira fase da Fuvest e poderá representar até 20% do total da nota da primeira fase. Já a Unicamp estuda não considerar a nota do Enem em seu vestibular deste ano.


6- Conforme proposta do MEC, quais universidades federais adotarão o novo Enem como vestibular?
A proposta foi apresentada pelo ministro Fernando Haddad aos reitores das federais no início de abril em Brasília. Os conselhos universitários de cada federal devem avaliar até o fim deste mês se adotam ou não a proposta e, no caso da adoção, quando e como seria aplicada. Cada universidade tem autonomia para decidir. Em reportagem do G1, algumas universidades já se posicionaram sobre a questão.


7- Como seria aplicado o novo Enem pelas universidades federais?
Os reitores das universidades federais e o ministro da Educação definiram quatro formas de adesão das instituições ao novo Enem. Há quatro possibilidades: o Enem como fase única; como primeira fase; como fase única para as vagas ociosas, após o vestibular; ou combinado ao atual vestibular da instituição. Neste último caso, a universidade definirá o percentual da nota do Enem a ser utilizado para a construção de uma média junto com a nota da prova do vestibular.


8- O Sistema de Seleção Unificada, proposto pelo MEC, admite a escolha de quantas opções?
O vestibulando pode escolher cinco cursos em até cinco instituições de ensino no Sistema de Seleção Unificada, na internet.


9- Após o Enem, o vestibulando pode mudar as opções? Como?
Após receber o resultado da prova, o vestibulando poderá listar até cinco cursos nas universidades de sua preferência (escolha também limitada a cinco). Atualizada diariamente, a nota de corte dos cursos será determinada pela concorrência entre os alunos. Ou seja, se mais alunos com notas altas concorrerem a um determinado curso, a nota de corte será mais alta.



No Sistema de Seleção Unificada, disponível na internet, o vestibulando poderá visualizar a nota do último candidato selecionado e comparar com a sua. Desse modo, poderá mudar suas opções quantas vezes quiser até o encerramento do prazo de inscrição.


Se o aluno perceber que o curso escolhido como a primeira opção está com a nota de corte superior à sua avaliação no Enem, pode escolher as demais opções da sua lista inicial ou modificar a primeira lista escolhendo novos cursos e novas instituições.


10- Como se dará a seleção dos candidatos? E se houver empate?
Os vestibulandos serão selecionados em apenas uma das opções de curso conforme a nota do novo Enem, a ordem das opções escolhidas na inscrição e o limite de vagas disponíveis. No caso de notas idênticas, o desempate seguirá a seguinte ordem de critérios: maior nota na prova de linguagens, maior nota na prova de matemática e maior idade do candidato.

Drogas - Descriminalizar é o melhor caminho?

Até agora a proibição se mostrou ineficiente. A descriminalizacão pode ser a solução?

Em sua primeira visita oficial ao México, em março deste ano, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, admitiu que a política antidrogas dos Estados Unidos não surtiu o efeito esperado. Ou seja, que a estratégia repressiva vem sendo ineficaz para conter o consumo e o avanço da violência e corrupção causadas pelo tráfico internacional de drogas.

No mundo todo, estima-se que 208 milhões de pessoas, ou cerca de 5% da população adulta, usem algum tipo de substância ilícita. A maconha é a droga proibida mais consumida, com 160 milhões de usuários no planeta, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas).

A indústria do tráfico movimenta aproximadamente US$ 320 bilhões por ano (R$ 700 bilhões, valor superior ao PIB [Produto Interno Bruto] individual de quase 90% dos países). O crime organizado corrompe governos, empresários, juízes e policiais, além de cometer delitos paralelos ao tráfico, como lavagem de dinheiro de contrabando de armas.

Porém, é o custo social das drogas, principalmente na forma de violência urbana em grandes metrópoles como Rio de Janeiro, que mais afeta as pessoas. Nas favelas, por exemplo, os traficantes encontram não somente refúgio, como também mão-de-obra em jovens pobres e sem outras opções de emprego.


Cartéis
Todos estão de acordo a respeito dos danos que os entorpecentes provocam na saúde humana e as mazelas que causam à família e à sociedade. Mas não há consenso sobre como enfrentar o problema.

Os Estados Unidos gastam cerca de US$ 40 bilhões anuais (R$ 87,5 bilhões, três vezes o orçamento da cidade de São Paulo deste ano) no combate ao tráfico de drogas, enquanto a União Européia investe em tratamentos médicos aos usuários e adota uma política mais liberal.

Ambas as estratégias falharam em reduzir o consumo doméstico (são os maiores mercados consumidores do mundo) e a produção em países asiáticos e latino-americanos, bem como em acabar com o tráfico global.

A campanha contra as drogas nos Estados Unidos é um caso exemplar. O país, que responde por metade da cocaína consumida em todo o mundo, investiu bilhões de dólares na Colômbia, maior produtor mundial da droga. Nos anos de 1990, conseguiu desmantelar os cartéis de Medellín e Cáli, que controlavam o cultivo, refino e distribuição do entorpecente. Com isso, transferiu o crime para o México, onde disputas entre cartéis já mataram 6.300 pessoas no ano passado.


Maconha
A Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, que reúne 17 políticos e intelectuais, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Ernesto Zedillo (México) e César Gaviria (Colômbia) e escritores como o peruano Mario Vargas Llosa e o brasileiro Paulo Coelho, propuseram em fevereiro deste ano uma alternativa ao modelo proibitivo norte-americano. Ele se baseia em três ações:


Considerar o consumo de drogas como um problema de saúde pública, não de polícia.

Reduzir a demanda por meio de campanhas educativas e prevenção.

Voltar os esforços repressivos ao crime organizado, que inclui corrupção e lavagem de dinheiro.

Essas ações incluem uma proposta polêmica de descriminalização da maconha, considerada uma droga com feitos nocivos similares ao tabaco e álcool e menores que os provocados pela cocaína e a heroína, por exemplo.

Hoje, a posse de droga é considerada crime no Brasil. De acordo com a Lei 11.343, de 2006, quem for detido com entorpecente para consumo pessoal está sujeito a penas de prestação de serviços à comunidade ou medida educativa. Já para o trafico são previstas penas de 5 a 15 anos de prisão, que aumentam em casos envolvendo quadrilhas.

Na maioria dos países europeus, no Canadá e na Austrália, o uso de maconha não é considerado crime. Em Portugal, Espanha e Itália, por exemplo, os usuários detidos com pequenas porções podem, no máximo, receber advertências ou pagar multas.

No caso de Portugal, o governo descriminalizou o uso e posse de heroína, cocaína, maconha, LSD (ácido lisérgico) e outras substância ilícitas. O motivo era o alto número de pessoas infectadas e vitimadas pelo vírus HIV (transmitido por meio de seringas contaminadas usadas para drogas injetáveis, como a heroína). Como resultado, o número de mortes por overdose caiu de 400 para 290 ao ano, e o de soropositivos, de 1.400 para 400.

Na Argentina, a Suprema Corte deve julgar em breve a suspensão da lei que proíbe o porte de entorpecentes para uso pessoal. O principal argumento do governo, que defende a medida, é que é muito mais barato para o Estado tratar um dependente do que arcar com os custos de processo judicial e prisão. O país ocupa o terceiro lugar entre os consumidores de cocaína no mundo. No México existe um projeto semelhante, mas a resistência é maior.


Prós e contras
Mas será que descriminalizar é a solução? É importante enfatizar que nem todos que são a favor da descriminalização das drogas defendem a legalização. São duas coisas diferentes.

No primeiro caso, as substâncias ilícitas continuam proibidas, com a diferença de que os usuários deixam de responder a processos criminais, somente quem vende. Já na legalização, não somente o uso como também a produção e a venda passam a ser legalizadas. Neste caso, as drogas seriam taxadas e controladas pelo Estado, em suas especificidades, da mesma forma que ocorre hoje com o tabaco e o álcool.

Nas duas frentes - legalização e descriminalização - a ideia é tornar a droga um problema de saúde pública, deixando de onerar os governos na repressão ao narcotráfico e manutenção de penitenciárias superlotadas.

O principal argumento favorável à legalização é que a proibição alimenta o crime organizado, sem resultados efetivos na redução do consumo. A sugestão é que os recursos sejam direcionados ao tratamento médico dos dependentes e à prevenção por meio de campanhas educativas.

Por outro lado, há dúvidas a respeito da capacidade do governo brasileiro, por exemplo, de criar uma rede de atendimento, principalmente em regiões mais carentes que hoje não dispõem sequer de atendimento médico básico. E vale ressaltar que, apesar de vários países terem aderido à descriminalização (de uma ou mais substâncias), nenhum ainda deu um passo em direção à legalização.

Além disso, opositores da descriminalização argumentam que a liberalização iria tornar drogas como a maconha mais acessível, aumentando a demanda e o número de dependentes, assim como os crimes associados à dependência química, como roubos e homicídios.

O debate continua. A novidade é que, cada vez mais, nações reavaliam suas políticas em busca de melhores resultados.


Saiba mais
Relatório final da Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia. Disponível para download gratuito em Drogas e democracia.

Traffic (2000): filme que mostra a cadeia do tráfico (da produção até o usuário final) na visão do chefe da operação antidrogas americana, cuja filha é viciada, um policial mexicano, dois agentes do governo infiltrados e um traficante. Ganhou quatro Oscars.

Líderes mundiais discutem crise econômica em Londres

A crise econômica internacional é o principal tema em discussão no encontro de líderes das potências industriais e países emergentes, o G-20, iniciada dia 2 de abril, em Londres, capital do Reino Unido. A cúpula vai debater medidas para conter o protecionismo, reestruturar o mercado global de finanças e impedir novas crises.

No entanto, não é esperado o anúncio de novos pacotes de estímulos fiscais, que é quando os governos gastam mais, reduzem a arrecadação de impostos e diminuem a taxa de juros, para com isso gerarem empregos e fazer com que as pessoas consumam, "reaquecendo" a economia.

No entendimento do G-20, as medidas já implementadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia seriam suficientes para o mercado financeiro se recuperar a partir de 2010. Quais são, então, as expectativas com a reunião?


O que é o G-20
O G-20, ou Grupo dos Vinte, foi criado em 1999 com o objetivo de propor soluções em conjunto para a economia mundial. O primeiro encontro com ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos países mais ricos do planeta foi realizado em Berlim, capital da Alemanha.

Antes, havia somente o G-7, grupo das sete nações mais desenvolvidas do planeta (que, após a entrada da Rússia em 1997, passou a ser chamado G-8), mas houve a necessidade de incluir os chamados países emergentes, como Brasil, China e Índia, cujos mercados em expansão interferiam na ordem econômica mundial.

Juntos, os países membros do G-20 representam 90% do PIB (Produto Interno Bruto) e 80% do comércio globais, bem como dois terços da população mundial.

O grupo é formado por integrantes de 19 países - África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia - mais a EU (União Europeia), representada pelo presidente do Conselho Europeu e pelo Banco Central Europeu.


Estrutura
Os encontros ocorrem uma vez por ano e o cargo da presidência é rotativo: este ano, acontece no Reino Unido, que preside o fórum; em 2010, será na Coreia do Sul. No ano passado, a cúpula se reuniu em São Paulo, entre os dias 8 e 9 de novembro.

Além da crise econômica, outros assuntos tratados pelos dirigentes abrangem desenvolvimento sustentável, aquecimento global e ações contra a lavagem de dinheiro, a corrupção e o financiamento do terrorismo.

Em 2008, dias depois da conferência no Brasil, os chefes de Estado se reuniram em Washington, capital dos Estados Unidos, em caráter extraordinário, onde pela primeira vez trataram da atual crise econômica. O encontro no Reino Unido dará continuidade às propostas discutidas na Casa Branca.


Pauta
A tarefa que o G-20 tem pela frente é pouco modesta: nada menos que reinventar o capitalismo. Para isso, precisam convencer os governos a manterem a política do livre mercado e evitarem o protecionismo (defesa do mercado interno contra a concorrência estrangeira, impedindo a entrada de produtos importados, por exemplo), comum em tempos de crise.

Os países membros do Grupo dos Vinte enfrentam graves problemas domésticos com a crise, principalmente Estados Unidos, Japão e Europa, com quedas sucessivas do PIB, falência de instituições financeiras e indústrias e desemprego em massa.

O Banco Mundial estima que este ano a economia global vai contrair 1,7% - ao invés de crescer 0,9%, conforme previsto anteriormente - e sofrer uma queda de 6,1% no volume do comércio mundial de bens e serviços.

No Brasil, o PIB registrou queda de 3,6 no quarto trimestre de 2008, a maior desde 1996. PIB é a soma das riquezas produzidas pelo país num determinado período e constitui um dos principais indicadores da economia.

Para reverter esse quadro, além de pacotes fiscais, discute-se a fiscalização do mercado financeiro para evitar novas recessões. Ou seja, a cúpula defende a manutenção do livre mercado, mas com a adoção de mecanismos que limitem a especulação.


Resistências
Chegar a acordos, entretanto, não é tão simples assim. Entre os obstáculos está o próprio Estados Unidos, maior economia do mundo e extremamente protecionista, que reluta em aceitar um controle externo de seu mercado.

Em oposição, o presidente da França, Nicolau Sarkozy, já avisou que vai se recusar a assinar a declaração final da cúpula e deixar o G20, caso não se aprovem medidas mais rigorosas de regulação do mercado.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em diversas vezes responsabilizou as nações ricas pela crise, defende maior influência econômica para países emergentes, como o Brasil, o que significa diminuir a de outros estados.


Protestos
O noticiário econômico sobre o G-20 muitas vezes é superado pelas notícias de prisões e confrontos com manifestantes, durante protestos que fazem parte da tradição do fórum. Dada a importância da cúpula e a visibilidade que consegue junto à mídia internacional, é natural que também atraia ativistas políticos.

Os grupos de manifestantes são os mais variados, desde socialistas e anarquistas que defendem o fim do capitalismo até e ambientalistas, que pressionam por leis mais duras contra a emissão de poluentes nos países ricos. Há também entidades religiosas e pacifistas.

Para recebê-los, foi montado um forte esquema de segurança, visando proteger mais de 50 delegações que participam do evento na capital britânica.

Uma semana antes do encontro, cinco jovens que planejavam uma manifestação foram detidos com armas no Reino Unido e dezenas de milhares de pessoas participaram da marcha Put People First (Coloquem as Pessoas em Primeiro Lugar), movimento que luta pela igualdade social e a preservação do meio ambiente.

Um dia antes, ocorreram novas prisões e passeatas em diversos pontos do país, a maior organizada pelo G20 Meltdown (Derretimento do G20), um dos principais movimentos de oposição ao Grupo dos Vinte.
* José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário
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Guerra no Afeganistão

Guerra no Afeganistão
As armas da diplomacia contra o terror
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Soldados norte-americanos em patrulha no distrito de Sayed Karen, no Afeganistão.

A luta contra o terrorismo internacional ganhou um endereço fixo: Afeganistão, nação pobre, devastada por 30 anos de ocupação estrangeira e que se tornou refúgio de Osama Bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo.

O país também foi eleito o cenário da "guerra de Obama", desde que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, redirecionou esforços militares para a região, do mesmo modo que George W. Bush, seu antecessor na Casa Branca, fez com o Iraque.

Graças à recente incursão diplomática de Obama no continente europeu, a campanha recebeu apoio importante dos países integrantes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que enviarão mais 5.000 soldados para sufocar a rede terrorista Al Qaeda e conter o grupo radical islâmico Taleban. Hoje, a Otan mantém no país cerca de 70 mil soldados, mais da metade norte-americanos.

A guerra no Afeganistão foi o principal tema da reunião de cúpula da Otan, realizada nos dias 3 e 4 de abril de 2009 na França e na Alemanha. Na prática, os países europeus que compõem a aliança ratificaram o projeto dos Estados Unidos de "pacificação" do país asiático por meio da reconstrução social.

Dado o histórico e a geopolítica da região, a tarefa não será nem rápida nem tão simples assim.


O que é a Otan
A Otan é uma organização militar internacional criada há 60 anos, em 4 de abril de 1949, durante a Guerra fria, com a finalidade inicial de impedir o avanço do comunismo na Europa. Inicialmente, era formada por 12 países. Com as recentes adesões de Albânia e Croácia, conta hoje com 28 nações.

Na época, o mundo estava dividido em dois blocos econômicos e militares distintos: o bloco capitalista, representado pelos Estados Unidos, e o socialista, da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), países que saíram fortalecidos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Temendo a influência dos soviéticos sobre a Europa, os governos ocidentais uniram forças.

Mas foi somente com o fim da Guerra Fria que ocorreram as intervenções bélicas da Otan, primeiro na ex-Iugoslávia, para impedir o massacre da população albanesa de Kosovo, em 1999, e depois em 2006, quando as forças de coalizão assumiram a segurança em Cabul, capital afegã.


Ópio e terror
O século 20 deixou marcas indeléveis no Afeganistão, essenciais para entender o mundo contemporâneo, além de exemplos de como políticas equivocadas podem trazer problemas de difíceis soluções para gerações futuras.

O Afeganistão é um país localizado na Ásia central e que faz fronteira com Paquistão, Irã e China, entre outros países. Possui estimados 32,7 milhões de habitantes, 70% vivendo com menos de US$ 1 por dia.

O país é constituído por diferentes tribos e grupos étnicos, o que torna difícil a centralização do poder. Por esta razão, tem na religião islâmica (80% sunitas e o restante xiitas) o único elemento aglutinador da sociedade.

A atividade econômica primária é a agricultura, apesar de somente 10% das terras, desérticas e montanhosas, serem cultiváveis. A maior renda vem do ópio (matéria prima da heroína), que concentra 93% da produção mundial e corresponde a 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do Afeganistão.

Atualmente, 16 das 34 províncias cultivam a papoula, planta da qual se extrai a substância. A produção, que quase quintuplicou desde a ocupação americana em 2001, é uma das principais fontes de renda do Taleban.


Rússia e CIA
No final dos anos 1970, a posição estratégica colocou o Afeganistão no centro da disputa ideológica da Guerra Fria. Uma sucessão de golpes de Estado terminou com o fim da neutralidade, até então preservada em relação ao conflito.

A deposição de um presidente alinhado com Moscou, em 1979, motivou a invasão das tropas soviéticas. A ocupação duraria até 1989, deixando milhares de mortos e prejuízos de bilhões de dólares.

Durante esse período, os russos enfrentaram a resistência dos mujahedin (combatentes islâmicos), que contavam com apoio financeiro e militar da CIA, o serviço secreto norte-americano. De certa forma, o Taleban é fruto da política externa norte-americana.

Quando o exército vermelho finalmente desocupou Cabul, o governo perdeu a sustentação e, no início dos anos 1990, o país foi assolado por uma guerra civil entre facções rivais. Nesse clima de insegurança, o Taleban, um grupo de jovens religiosos refugiados no Paquistão, assumiu o poder em 1996.


Bin Laden
O Taleban só se tornou uma ameaça aos Estados Unidos dois anos depois, quando a rede Al Quaeda, de Osama Bin Laden, foi responsabilizada pelos atentados às embaixadas americanas em Quênia e Tanzânia, que deixaram 224 mortos.

Após o massacre, o grupo islâmico passou a abrigar o terrorista. Para pressionar Cabul a entregar Bin Laden, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou um embargo econômico, ao mesmo tempo em que Washington autorizou bombardeios ao território afegão.

Finalmente, com os ataques de 11 de Setembro, em 2001, os Estados Unidos ocuparam a capital e depuseram o governo dos talebans, que buscaram abrigo nas montanhas.

Apesar do governo constituído em 2004 com apoio da Casa Branca - Hamid Karzai foi eleito com 55% dos votos para um mandato de cinco anos -, os extremistas islâmicos controlam hoje cerca de 70% do território afegão.


Desafios
O objetivo de Barack Obama é reestruturar a economia e a política de Cabul, preparando o país para a retirada das tropas americanas. Para isso, autorizou o envio de mais 4.000 homens, além de 17 mil previstos, para os próximos meses.

Com mais o efetivo da Otan, o plano é treinar o exército afegão, mal remunerado e despreparado, para manter o domínio sobre os talebans. Também foi anunciado o envio de verbas para o Paquistão combater focos terroristas.

Há dúvidas, entretanto, se os recursos serão suficientes para trazer estabilidade a um país que há décadas só conhece a guerra e que não parece disposto a abrir mão nem da fé de grupos extremistas nem da produção de ópio.

Outro desafio é enfrentar a complexa geopolítica da região, que vai obrigar os Estados Unidos a afinarem a diplomacia, por exemplo, com um arquiinimigo como o Irã.

A energia que vem do lixo

Como vimos no primeiro episódio da série Vozes do Clima, uma das iniciativas do programa para reduzir a emissão de gases de efeito estufa do município de São Paulo é ampliar a produção de energia elétrica a partir do gás metano produzido e captado em aterros sanitários. Isso já ocorre hoje, nos aterros Bandeirantes e São João. Esse processo evitou emissões de poluentes nos últimos dois anos e gerou créditos de carbono, cujos recursos foram investidos essencialmente nos entornos de cada aterro.

O blog do Vozes do Clima preparou uma matéria que explica cada passo desse processo, da captação do gás à produção de energia e queima limpa do excedente.

Fronteira avança, temperatura sobe


O desmatamento médio oficialmente registrado na Amazônia chega a cerca de 18 mil quilômetros quadrados anuais, ou quase o tamanho de Sergipe. Ele também avança firme sobre o Cerrado, depois de ter devorado cerca de 90% da Mata Atlântica e boas porções de outros biomas. As florestas tombaram no passado e ainda são suprimidas para dar espaço ao crescimento urbano e à ampliação da fronteira produtiva, para abertura de mais lavouras e pastagens. Por enquanto, só há monitoramento constante por satélite sobre o desflorestamento da Amazônia.

Toda floresta consome Carbono para crescer e, quando é derrubada e queimada ou abandonada para apodrecer, como muito se faz no norte do país, esse gás é liberado, elevando o aquecimento do planeta. Por isso, o Brasil é um dos principais contribuintes para esse problema global, sem contar a poluição histórica de países industrializados. Logo, governo e sociedade nacionais devem fazer a sua parte, agindo para reduzir ao mínimo possível as taxas de perdas florestais.

Sendo assim, agricultura, aquecimento global e prejuízos que as mudanças do clima podem causar na produção agrícola estão intimamente ligados. Ainda mais em um país como o nosso, com forte presença do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto).

Os cálculos variam dependendo da fonte, mas a agricultura responde por entre 17% e 32% das emissões humanas de gases que ampliam o efeito estufa e aquecem o planeta. Não só pelo desmatamento que costuma antecedê-la, mas também pelo uso de insumos químicos. A criação de gado também contribui, lançando Metano na atmosfera. Conforme o painel científico da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre clima, em 2005 o setor emitiu até 16,5 gigatoneladas (bilhões de toneladas) de gás carbônico.

O inventário brasileiro sobre mudanças do clima (2004) mostrou que dois terços das emissões nacionais vinham do “uso e da mudança no uso da terra”, majoritariamente de desmatamentos, em todo o país.

Prejuízos - Altamente dependente do clima, a agricultura pode sofrer impactos profundos em produção e lucratividade se as mudanças do clima realizarem tudo o que projetam. Vantagens mesmo, possivelmente só para cultivos em regiões hoje frias. A própria ONU admite que a “segurança alimentar” pode ser prejudicada em disponibilidade, acesso e estabilidade dos suprimentos. Ou seja, o aquecimento global pode trazer falta de comida em certas regiões do globo. E o mundo pode ganhar mais 600 milhões de subnutridos, até 2080.

As brasileiras Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e Unicamp (Universidade de Campinas) fizeram suas próprias projeções, mostrando que a maioria das lavouras nacionais sofrerá com uma temperatura maior. Como foi mostrado no segundo episódio da série Vozes do Clima, a produção de café pode ter sua área reduzida em 10% nos próximos anos e migrar mais para o Sul. Além disso, a soja pode apresentar prejuízos de mais de 20%, até 2020. Enquanto isso, para esse mesmo período, projeta-se um crescimento de 160% na área plantada com cana-de-açúcar, principalmente sobre o Cerrado.

Nos próximos anos, o Brasil deve se manter entre os maiores produtores mundiais de grãos e de carne. E com planos para ampliar certas lavouras. Essa posição, no entanto, dependerá cada vez mais de adaptações à realidade climática, de boas doses de tecnologia e de práticas sustentáveis na produção, que evitem mais emissões de gases que estão aquecendo o planeta. É preciso “descarbonizar” o agronegócio, reduzindo a emissão ou atuando para que absorva Carbono e outros poluentes. Caso contrário, o prejuízo será de todos.

Um Amazonas em pastagens degradadas

Uma voz da Agricultura

seg, 30/03/09
por Equipe Vozes do Clima |
categoria Vídeos

Nesta entrevista para o Vozes do Clima, o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes fala sobre os efeitos das mudanças climáticas na agricultura brasileira e quanto ao que vem sendo feito para mitigar os impactos e adaptar culturas.

Ele também explica quais os principais emissores de gases de efeito estufa na produção agropecuária e como o Brasil deve se adequar ao novo cenário produtivo internacional.

Aquecimento global ameaça produção de alimentos no Brasil


Assista ao segundo episódio da série.

O clima e os limites do agronegócio



O agronegócio responde atualmente por cerca de 6% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, um país focado na produção de itens primários como soja, carne e outros insumos. Acima de tudo, mesmo com o segundo semestre de 2008 marcado pela queda nos mercados globais de alimentos e de bioenergia, essas são e serão sempre atividades altamente dependentes das chuvas, do sol, do clima. Muitos produtores já sentem na pele e no bolso prejuízos provocados por questões climáticas.

Observando o conjunto de emissões nacionais de poluentes que elevam a temperatura do planeta, a agricultura responde por cerca de 10% desse problema. Isso ocorre com a chamada “mudança no uso da terra”. Traduzindo: quando se derrubam matas maduras ou em crescimento para abertura de lavouras, pastagens e afins, há liberação de gases como o Dióxido de Carbono, um dos vilões do aquecimento global. Sem contar o Metano, lançado pela digestão das milhões de cabeças de gado do rebanho nacional, mais problemático que o primeiro poluente.

Tais informações não se tratam de “apontar o dedo” em crítica ao agronegócio, mas sim de propostas para debate sobre uma atividade com alto peso na economia nacional e com impactos diretos significativos no meio ambiente. Afinal, a fronteira agrícola costuma avançar sobre o Amazônia, o Cerrado e outros biomas por uma série de fatores, como preço da terra, falta de zoneamento ecológico-econômico e troca de culturas por cana-de-açúcar.

Incidindo diretamente sobre os ânimos do agronegócio, alguns especialistas apontam escassez de terras para produção na Amazônia, enquanto outros calculam que há por volta de 150 milhões de hectares em pastagens degradadas (inutilizadas ou com baixa produção) no país. A área é semelhante a do estado do Amazonas. O Brasil ainda espera do governo uma política para aproveitamento produtivo desses pastos. Isso, como primeira conseqüência, reduziria a pressão para desmatamento de florestas voltado à abertura de novas áreas produtivas.

Esses e muitos outros temas devem fazer cada vez mais parte do dia-a-dia da política e produção agropecuária. Não podem ser ignorados. Por isso, o segundo episódio da série especial Vozes do Clima trata das mudanças do clima e do agronegócio brasileiro. Hoje à noite, no Fantástico.

Contamos com você!

Reduzir consumo é um caminho



Esta semana vimos que a grande maioria das cidades do Brasil e do mundo não estão preparadas para o clima de hoje, quem dirá para chuvas, secas e outros problemas que o aumento da temperatura global promete semear pelo planeta. Logo, esperam-se liderança e ações concretas por parte de todos os governos para amenizar tais efeitos climáticos.

Mas essa é uma empreitada coletiva, de toda a sociedade. Enquanto empresários podem fazer sua parte, cortando o lançamento de poluentes, reciclando e racionalizando o uso de matérias-primas, a população pode ajudar cobrando medidas efetivas dos governos e do setor produtivo, além de reduzir seu consumo.

Por quê? A explicação é simples. As compras de madeira em móveis ou para construir e reformar, de alimentos, veículos, aparelhos eletroeletrônicos e demais hábitos de consumo estão diretamente ligados às alterações do clima. Essas práticas devoram florestas, queimam combustíveis que prejudicam o meio ambiente, exigem maior extração de recursos naturais e geram milhares de toneladas diárias de lixo. Comprar menos também é bom para o bolso.

O problema cresce no Brasil quando lembramos que seis em cada dez municípios despejam seus resíduos em lixões, vias públicas, córregos e matas. A situação é pior no Nordeste, Centro-Oeste e Norte, região onde há grandes mananciais e a Floresta Amazônica. São Paulo produz 13 mil toneladas de resíduos diariamente (sem os industriais) e tem mais de 2.500 áreas contaminadas, único estado com listagem pública sobre esse tipo de problema. A coleta diária no país é de 141 mil toneladas de lixo urbano. Quase um quilo por habitante. Enquanto isso, o projeto de lei que propõe uma Política Nacional de Resíduos Sólidos amarga 18 anos de espera por sua apreciação no Congresso Nacional.

Além de contaminar o solo e as águas, descartar lixo a céu aberto libera o gás metano, poluente muito perigoso para o clima global. A cidade de São Paulo usa esse gás para gerar energia, assim como fazem cerca de 700 usinas em 35 países. Elas queimam mais de 130 milhões de toneladas de lixo por ano para produzir 11 mil Megawatts de energia elétrica ou térmica - mesma potência projetada para a usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.

Mas até quando haverá espaço para mais e mais aterros sanitários regularizados, solução mais usada no Brasil? Na Europa, jogar alguns tipos de lixo em aterros controlados já está proibido. Como se vê, reduzir o consumo e investir em reciclagem farão muito bem à saúde do planeta.

Para saber e fazer mais, visite seções especiais nas páginas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Instituto Akatu.

Aldem Bourscheit

ABC da Amazônia: confira todos os programetes já exibidos da série

Rios, animais, plantas, tradições.
Série mostra as mais variadas faces da Amazônia.

Do Globo Amazônia, em São Paulo

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A Amazônia é todo um universo a ser explorado e toda informação sobre ela parece pouca. Pouco após o lançamento do portal Globo Amazônia, em setembro, a Rede Globo lançou o ABC da Amazônia, uma série de programetes que traz fatos e curiosidades da floresta de forma resumida, uma espécie de “pílula” para disseminar conhecimento sobre este grande patrimônio natural e cultural, sempre com um minuto de duração. Confira abaixo todos os programetes já apresentados:


Episódio desta semana (27/3 a 02/04): Marechal Rondon é o único brasileiro homenageado com o nome de um estado. Descendente de índios, ele contactou dezenas de tribos e defendeu a demarcação de terras.
EPISÓDIOS ANTERIORES (EM ORDEM ALFABÉTICA):

A

O açaí é um dos alimentos mais importantes da Amazônia. Lá, a tradição é tomar o suco junto com a farinha de tapioca. Nos grandes centros, a polpa congelada é servida na tigela.

No Rio Negro, entre Manaus e Novo Airão, há o arquipélago das Anavilhanas, com lagos, igapós e igarapés ricos em espécies vegetais e animais. Trata-se do parque nacional mais novo do país.
C

Quando ameaçado, o caititu arrepia os pêlos e bate os dentes. Mas a caça predatória ameaça a sobrevivência dos animais na floresta e por isso há experiências para criação em cativeiro.

O camu-camu é encontrado em regiões alagadas da Amazônia. Da família da jabuticaba, ele serve de alimento para os peixes. Pesquisas revelam que o fruto é campeão em teor de vitamina C.

A árvore majestosa atinge até 60 metros de altura. A castanheira é encontrada em toda a região amazônica. A flor tem a delicadeza de um buquê. O fruto tem a casca dura e cai quando está maduro.
D

Na fronteira do Brasil com o Peru fica o Parque Nacional do Divisor. No local ficam as únicas montanhas do Acre, elas que separam duas bacias hidrográficas dos dois países.

E

Na viagem entre Belém e Manaus passa-se pelo Estreito de Breves. Os moradores das ilhas do local dependem da ajuda de quem trafega por lá. Eles vivem da pesca, da extração do palmito e do que a natureza lhes oferece.

No Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, os visitantes podem ver bichos e plantas da região amazônica. Lá são abrigados animais que foram vítimas de maus-tratos e espécies encontradas nos rios da Amazônia.
G

Maués, no Amazonas, é conhecida como a terra do guaraná. O fruto é genuinamente amazônico e dele se produz a bebida-símbolo do Brasil. Maduro, ele parece um olho.

Em Foz do Amazonas, no Pará, os pescadores procuram por gurijubas. A bexiga é a parte mais importante do peixe e é exportada para outros países. Com ela, é possível fazer remédios e outros produtos.
J

O jambu, ou agrião-do-Pará, tem um efeito anestésico e sua flor produz muitas sementes. A planta é usada na medicina popular, ao natural ou como xarope e tinturas. O vegetal faz parte de pratos como tacacá.

De uma pequena palmeira, a jarina, é extraído o chamado marfim vegetal. A semente da árvore é sua parte valiosa. Ela pode ser usada na confecção de brincos, braceletes, colares e outros objetos.

Um dos maiores rios da Amazônia, o Juruá tem mais de 3.300 km. Ele é mais longo que o São Francisco. Nas cheias, suas águas formam rios e igapós, onde vivem muitas várias aves diferentes, como a garça branca e as araras.

M

O município de Manacapuru, no Amazonas, é o maior produtor da malva. A planta é muito usada na insdústria têxtil. Veja como é a colheita e o manejo.

Existem 98 espécies de mandioca. Uma das mais conhecidas é o aipim, mas a mais cultivada é a mandioca amarga, usada para fazer farinha. Cada tribo indígena amazônica cultiva uma espécie de mandioca particular.

A maniuara é uma formiga grande e vermelha, que tem a picada dolorosa. Ela faz parte dos hábitos alimentares dos índios Baniwa que vivem na Ilha das Flores.

O mapará é um peixe muito encontrado no leste do estado do Pará. Sua pesca é proibida durante quatro meses do ano. Mas quando passa esse período, barcos de vários locais se reúnem no Rio Jaracuera para pescá-lo.
P

Nas águas tranqüilas da Amazônia vive o pirarucu. Ele é o maior peixe de escamas de água doce do mundo e pode pesar até 300 quilos. Como precisa buscar oxigênio na superfície, torna-se presa fácil dos pescadores.
Q

Os índios do Parque Nacional do Xingu realizam um ritual em homenagem aos grandes líderes mortos, o quarup. Eles passam a noite chorando diante de troncos. A celebração termina com a chegada do dia.
S

Os diamantes escondidos na Serra do Tepequém atraíram os garimpeiros. A jazida foi uma das mais importantes da Américas do Sul até o fechamento dos garimpos. Hoje a pesca é a principal atividade do local.
T

O tacacá é uma famosa iguaria da Amazônia. Ele é feito com uma goma de água e polvilho e um caldo fino amarelado extraído da mandioca, chamado tucupi. Acrescenta-se camarão. Está pronto para degustar.

O Tapajós é um dos principais afluentes do Rio Amazonas. Ele se forma no norte do Mato Grosso e chega a ter 21 quilômetros de largura. Como o leito de areia, a cor da água é esverdeada.