Tecnologia

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Web comemora 20 anos em busca de inovação

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Seria difícil imaginar o mundo hoje sem a web. Nós a usamos no trabalho no lazer, para fazer tarefas escolares ou encontrar amigos. Mal nos damos conta do quanto ela mudou o modo como nos comunicamos e produzimos cultura nos últimos 20 anos.

Em março de 1989, o físico inglês Tim Berners-Lee trabalhava no CERN (Centre Européen pour Recherche Nucleaire), um dos mais importantes centros de física de partículas do mundo, localizado em Genebra (Suíça) quando apresentou aos seus chefes o projeto "Gerenciamento de Informações: uma proposta", em que sugeria a organização de dados na internet em arquivos de documentos ligados por hiperlinks. O objetivo era facilitar o acesso e troca de informações entre cientistas.

A ideia de Berners-Lee foi desenvolvida junto com um engenheiro de sistemas do CERN, o belga Robert Cailliau e, dois anos depois, a dupla já havia criado os principais conceitos e colocado em prática a World Wide Web (Rede de Alcance Mundial), a WWW, ou, simplesmente, web.

Internet

Antes da web existia somente a internet, mas era um ambiente pouco amigável e exclusivo para quem entendesse de programação. A internet remonta ao final dos anos 50, época da Guerra fria, quando o Departamento de Defesa norte-americano financiou grupos de pesquisadores da Califórnia para implementar um sistema de comunicação baseado em redes, que pudesse ser mantido em caso de ataque nuclear.

O plano era montar uma rede conectada por "nós" independentes de um controle central. Assim, a informação poderia percorrer a rede e ser recuperada em qualquer ponto, mesmo se um deles fosse desativado.

A primeira rede de computadores, chamada ARPANET, começou a funcionar em 1º de setembro de 1969, com quatro "nós" conectando quatro universidades norte-americanas. Logo, os cientistas passaram a usar a tecnologia para fins acadêmicos, até desvincular a ARPANET do Departamento de Defesa em 1983. Ainda nos anos 1980, surgiram outras "nets", que aos poucos foram privatizadas.

A rede que une redes de computadores, cujas máquinas se comunicam entre si por intermédio de protocolos, é o que conhecemos como internet.

Mas somente a web possibilitou a popularização da internet, contribuindo para torná-la também um fenômeno comercial.

Hipertextos

Web é um dos serviços oferecidos na internet, como o email, a telefonia, o compartilhamento de arquivos, os serviços de mensagens instantâneas etc. Mas é também uma interface gráfica que permite a interação do homem com a máquina. Ela funciona com base em um conjunto de documentos - que podem conter texto, áudio e imagens estáticas ou em movimento - conectados entre si por meio de links ("elo", em inglês).

Tais documentos são chamados hipertextos. Eles são criados, armazenados, distribuídos e compartilhados em páginas eletrônicas, os sites, e acessados a partir de programas navegadores, os browsers (os mais conhecidos são o Internet Explorer, Safari, Mozilla Firefox e Google Crhome).

A novidade dos hipertextos consiste na forma diferente de organizar informações. Graças aos links, a busca é feita por associação de ideias em uma estrutura multisequenciada. Isso significa que, diferente de textos comuns, que só permitem leitura e indexação lineares, como as fichas de uma biblioteca, nos hipertextos saltamos de uma página a outra, de um site a outro, seguindo links que nos interessam.

Além disso, os hipertextos admitem a colaboração e a criação coletiva, pois podem ser alterados de maneira quase ilimitada. É o que garante o sucesso de sites como a Wikipédia, por exemplo, uma enciclopédia digital na qual os verbetes são escritos e editados pelos próprios usuários.

Futuro

Desde seu surgimento, a web pouco mudou, em especial nos elementos físicos que permitem acessá-la, o computador, o mouse, o teclado. A alteração mais notável ocorreu em seu conteúdo, que era produzido por especialistas em programação de computadores até a chegada da segunda geração de aplicativos, chamada web 2.0 ou web social.

O conceito foi explicado por Tim O'Reilly em "O que é Web 2.0: Padrões de Design e Modelos de Negócio para a Próxima Geração da Web", em 2005, como uma plataforma de publicação em arquitetura participativa. Isso quer dizer que pessoas comuns poderiam produzir conteúdo e fazer sua própria mídia, o que levou à explosão dos blogs e redes sociais como Facebook, Myspace e Orkut, além de sites como o YouTube e a cobertura de fatos jornalísticos por cidadãos comuns.

É do criador da tecnologia, porém, que vem a inovação mais ousada. Berners-Lee quer tornar a navegação mais inteligente com a web 3.0 ou web semântica. Atualmente, se digitarmos a palavra "pele" no Google, por exemplo, a página exibe tanto sites sobre dermatologia quanto sobre o rei do futebol. Isso acontece porque o programa não interpreta. Por esta razão, refinamos a busca com palavras adicionais como "Santos" e "futebol", por exemplo.

Na web semântica, o computador "pensaria" por nós, identificando exatamente o que queremos ao fazer uma pesquisa. É o que ocorre hoje em sites como da Amazon.com, em que a busca é apurada pelo histórico do usuário registrado em seu banco de dados.

Cada vez que um cliente entra no site e procura um livro, programas armazenam estas informações. Deste modo, quando retorna, a empresa pode oferecer livros de assuntos relacionados às suas compras anteriores. Aprendendo com o usuário, o computador ficaria mais esperto também.

Outras tendências apontam para um ambiente mais imersivo, como a navegação em cenários tridimensionais similares aos do Second Life e o acesso em redes sem fio por celulares com telas de alta definição e sensíveis ao toque. Enfim, aos 20 anos, a web ainda é uma jovem cheia de sonhos.

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