ENEM - 2009

Desmatamento em pauta, com urgência

Os números do desmatamento na Amazônia registram queda de 88% em maio deste ano em relação ao mesmo período de 2008, segundo matéria publicada na Agência Brasil. Este ano, o desmatamento atingiu uma área de 123 km², de acordo com relatório do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No ano passado, o Inpe registrou 1.096 km² de desmate.

Ainda segundo o relatório, a cobertura de nuvens na região no período permitiu a visualização de 38% da área, situação melhor do que nos três meses anteriores, quando os satélites só conseguiram observar cerca de 20% da floresta por causa das nuvens.

Mesmo com boas notícias, velhos problemas continuam intactos. O Mato Grosso voltou a liderar a lista de maiores desmatadores, com 61,2 km² de florestas derrubadas em maio, cerca de 50% do total verificado no mês em toda a região. No entanto, o Inpe pondera que a taxa de desmate foi elevada por causa da baixa quantidade de nuvens sobre o território mato-grossense, que deu boas condições de observação, diferentemente do que ocorreu em outros estados.

Em Roraima, foram desmatados 17,7 km² e no Maranhão, 17,6 km². Os estados de Rondônia e do Pará, que ocupavam os primeiros lugares nos últimos rankings, só aparecem em seguida, com 11,7 km² e 10,5km² de devastação, respectivamente. A medição do Deter considera as áreas que sofreram corte raso (desmate completo) e as que estão em degradação progressiva. O sistema serve de alerta para as ações de fiscalização e controle dos órgãos ambientais. A redução verificada pelo Deter deve ter influência na taxa anual de desmatamento, medida pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes). O número atual é de 11,9 mil km².

Mas, apesar dos ares importantes de mudança, é importante ressaltar que as estatísticas do desmatamento na Amazônia ainda são bastante preocupantes, especialmente porque durante décadas os níveis de desmatamento se mantiveram assustadores, e ainda o são. De agosto de 2008 até maio de 2009, o Deter já registrou 2.957 km² de desmatamento na região. Ou seja, pode-se comemorar, mas com moderação e consciência, já que a queda foi verificada sobre índices altíssimos. Ainda estamos muito distantes do ideal, já que, ao invés de recuperar, ainda estamos na fase de perder áreas de florestas.

Um exemplo prático disso foi uma outra notícia, apresentada ao Ministério do Meio Ambiente na terça-feira. Um estudo de organizações não governamentais, revelado ontem ao ministro da pasta, Carlos Minc, revela que o Pantanal já perdeu 40% de sua cobertura vegetal. Elaborado pelas ONGs WWF Brasil, SOS Mata Atlântica, Conservação Internacional, Anvina e Ecoa, o mapeamento mostra que o bioma tem sofrido forte pressão em função de atividades como pecuária, plantio de cana e exploração mineral.

Segundo o estudo, a ampliação das pastagens, que tem sido muito discutida após a divulgação do relatório A Farra do Boi (do Greenpeace), é uma das principais causas do desmatamento na região. Em seis anos, (2002 a 2008) já foram abertos 12 mil Km2 de novos pastos na região, o equivalente a dez vezes a área do estado do Rio de Janeiro. De acordo com uma matéria publicada no site Ambiente Brasil, Minc destacou a importância do levantamento e disse que é necessário agir rapidamente para evitar que a situação no bioma Pantanal se agrave. O ministro afirmou ainda que o MMA já iniciou o monitoramento por satélite do desmatamento no bioma e vai articular com apoio da sociedade civil estratégias de ações para atuação na região. Ele também considerou fundamental que seja realizado um planejamento integrado da bacia hidrográfica do Alto Paraguai cujas águas formam o Pantanal mato-grossense, uma das maiores planícies de inundação do mundo.

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