Reduzir consumo é um caminho



Esta semana vimos que a grande maioria das cidades do Brasil e do mundo não estão preparadas para o clima de hoje, quem dirá para chuvas, secas e outros problemas que o aumento da temperatura global promete semear pelo planeta. Logo, esperam-se liderança e ações concretas por parte de todos os governos para amenizar tais efeitos climáticos.

Mas essa é uma empreitada coletiva, de toda a sociedade. Enquanto empresários podem fazer sua parte, cortando o lançamento de poluentes, reciclando e racionalizando o uso de matérias-primas, a população pode ajudar cobrando medidas efetivas dos governos e do setor produtivo, além de reduzir seu consumo.

Por quê? A explicação é simples. As compras de madeira em móveis ou para construir e reformar, de alimentos, veículos, aparelhos eletroeletrônicos e demais hábitos de consumo estão diretamente ligados às alterações do clima. Essas práticas devoram florestas, queimam combustíveis que prejudicam o meio ambiente, exigem maior extração de recursos naturais e geram milhares de toneladas diárias de lixo. Comprar menos também é bom para o bolso.

O problema cresce no Brasil quando lembramos que seis em cada dez municípios despejam seus resíduos em lixões, vias públicas, córregos e matas. A situação é pior no Nordeste, Centro-Oeste e Norte, região onde há grandes mananciais e a Floresta Amazônica. São Paulo produz 13 mil toneladas de resíduos diariamente (sem os industriais) e tem mais de 2.500 áreas contaminadas, único estado com listagem pública sobre esse tipo de problema. A coleta diária no país é de 141 mil toneladas de lixo urbano. Quase um quilo por habitante. Enquanto isso, o projeto de lei que propõe uma Política Nacional de Resíduos Sólidos amarga 18 anos de espera por sua apreciação no Congresso Nacional.

Além de contaminar o solo e as águas, descartar lixo a céu aberto libera o gás metano, poluente muito perigoso para o clima global. A cidade de São Paulo usa esse gás para gerar energia, assim como fazem cerca de 700 usinas em 35 países. Elas queimam mais de 130 milhões de toneladas de lixo por ano para produzir 11 mil Megawatts de energia elétrica ou térmica - mesma potência projetada para a usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.

Mas até quando haverá espaço para mais e mais aterros sanitários regularizados, solução mais usada no Brasil? Na Europa, jogar alguns tipos de lixo em aterros controlados já está proibido. Como se vê, reduzir o consumo e investir em reciclagem farão muito bem à saúde do planeta.

Para saber e fazer mais, visite seções especiais nas páginas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Instituto Akatu.

Aldem Bourscheit

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